segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Uma Valsa Triste Para Corações Partidos... Ode as famílias de Santa Maria

Foto: ' Enviando respeitosamente sinceras orações, em memória dos mais de 245 pessoas envolvidas na tragédia de Santa Maria/RS.A vida é muito misteriosa. Na sua mansidão dos dias, vai-nos dando a sensação fragmentada de que podemos acordar em uma determinada manhã e termos um dia programado. Mas não é bem assim se pensarmos que, ou deitarmos esta noite, por exemplo, despreocupados, ao lado de quem amamos, daremos um beijo de boa noite sem termos a menor ideia de que na manhã seguinte estaremos ali , vivos.

Me pergunto o que sentirão meus familiares se amanhã eu não mais existir. Se por um momento tudo que me distingue acabar. O mundo acabaria para mim? Você choraria por mim? Meus amigos fariam um memorial e colocariam fotos minhas por entre frases de saudades e velas... Se encontrariam para tomar umas cervejas e ririam das minhas mancadas e brincadeiras feitas no dia a dia de trabalho, e como seria não mais existir em uma casa que me habita os dias? - Sim. Me habita, pois há muito dela em mim...

E em mim??? O que irá se processar? Será mais fácil ou mais difícil entender???

Atravesso os dias como quem anda devagar por uma rua movimentada. Há gente de todos os lados, indo e vindo em direções tão distintas... Caminho conversando com meus botões, desabotoando-os em minha mente, meu ego vai me conduzindo para este ou aquele caminho que por medo ou vaidade gostaria de permanecer... Inconfessável é esta vontade que todos tem de ser "imortal" posto que é chama... Meu Deus! - penso. - Como gostaria de ser imortal, igual placa de rua que a gente lê o nome do cidadão e não sabe de quem se trata, o que ele representou, mas sabe que foi um cara bacana, tem uma rua com o nome dele, tem um "status" acima de mim, uma pobre mortal.

Morrerei sem ser uma imortal na Academia de Letras?

E se, ao chegar no céu, meu nome não se encontrar na lista? Terei como voltar? Poderei considerar as missas assistidas a força e esforço de meus pais como um salvo conduto para minhas faltas na juventude?

É contabilizado nas tábuas do destino todo o amor que pude dar nesta vida?

Se amanhã meu amor for uma flor jogada ao mar e se todo meu sonho for uma lembrança de um sorriso doce e sereno, misturada as lágrimas de dor e saudades, como poderei acalmar meu coração ausente sabendo que o seu está em desespero?

Ah! A dor da saudade é tão amarga e solitária que nada e nem ninguém consegue amenizar... Desenvolvemos aos poucos uma mística sensação de que a dor vai ser o pico da montanha de nossa existência... Nos esquecemos definitivamente que a morte é apenas uma mudança de lado, uma passagem do material para o imaterial, e por isso mesmo, inatingível aos nossos olhos cansados e perdidos nas trilhas imperfeitas que caminhamos...Somos muito mais do que nascer e morrer, somos muito mais do que um momento diante da quietude do infinito... Somos poeira do Universo... há tanto a se aprender, amar e alcançar!

Acho que a sabedoria maior e suprema estar no caminhar... No alvorecer e entardecer dos dias... Nas manhãs de domingo que deixamos a preguiça de lado e vamos encontrar com amigos ou praticar algum esporte... Nos sorrisos que doamos ao vizinho, ao motorista do ônibus que para e nos espera atravessar a rua numa manhã chuvosa e atrasados entramos no veículo sem acreditar no gesto de bondade... Levamos conosco toda a bagagem de amor e de solidão que amealhamos ao longo de nossa existência. Deixamos o que plantamos, levamos o que podemos colher... Simples assim.

Ao caminhar pelas ruas, vou matutando, tentando desabotoar meus botões e ver a onde se encontra o meu apego, o meu medo, o meu sonho... Vou tentando me desapegar, vou tentando encontrar comigo mesma em minhas tormentas, em meu passar desta ou daquela calçada. Vivendo, aprendendo, amadurecendo e tentando plantar minhas sementes... Na certeza que os mensageiros de Deus, irão mostrar-me que estou envelhecendo a cada dia, dando-me a chance de dizer a quem amo o quanto me faz bem e me faz crescer, sorrindo para os amigos com a esperança que recebam meu melhor sorriso, acordando grata por um novo dia e uma nova oportunidade de que ao seu final estarei dando o melhor de mim no trabalho e na minha rotina... Amando incondicionalmente com todos defeitos, sonhos e virtudes que cada um carrega em si...

Sou falha, sou humana, sinto dor e medo... Mas sinto também que se amanhã eu não mais estiver aqui, talvez, eu deixe um pouco de amor e saudade... Saudade bonita, daquelas bem vividas, daquelas que dá gosto de lembrar. E que por mais que eu tenha escrito sobre ela, por mais que eu tenha viajado, amado, sorrido, terei partido sem a ilusão de nada ter feito porque fiz algo sincero. Eu amei! E amar sempre irá valer a pena; mesmo não sendo mais uma imortal na Academia de Letras.


Em homenagem e honra respeitosa e sinceras orações, em memória das vítimas envolvidas na tragédia de Santa Maria/RS.

Um comentário:

  1. Nossa vida é como o orvalho, aos primeiros raios da manhã evaporam-se. Somos imortais, viveremos além desta vida. Nossa sabedoria maior está em conhecer e viver a palavra de Deus. Mel

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