quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Rio de Janeiro - Uma cidade que nos desperta para viver, meditar e curar-se a si mesmo.

Sou uma pessoa do tipo "a flor da pele"... Gosto dessas sensações que o mundo, as pessoas, a vida me provoca... Não me privo disto. Sei que muito do que escrevo ou faço é, muitas vezes, reflexo dessas impressões que me invadem a alma e faz de mim o que sou. - É estranho saber o que este universo que respiro e sinto provoca nas pessoas e que de alguma forma ao ler o que escrevo elas poderão sentir-se assim, é estranho e maravilhoso ao mesmo tempo acreditar que tantas emoções podem estar no nosso redor... Como uma cidade que nos desperta para viver, meditar e curar-se a si mesmo.

O Rio de Janeiro me provoca isso. E como não poderia ser diferente, ao acordar e ver pela janela do quarto o Cristo de braços abertos, a brisa fresca numa manhã de sol a trazer-me ares da mata e pássaros de todas as espécies a cantarem para mim num passeio ao final de tarde; como não ser "todos sentimentos num único corpo e mente" numa caminhada noturna na orla da praia da Barra...

Não consigo imaginar uma pessoa tendo problemas de depressão numa cidade como esta... É maravilhoso! Simplesmente ver o mar, ou caminhar pelas alamedas, sentir a brisa quente e úmida vinda da praia, ou em casas mais modestas, mas ricas de valores e íntegras de respeito e afeição ao próximo, degustar um refresco na lage e olhar o que o horizonte descortina.

O Rio de Janeiro, assim como qualquer cidade tem suas características, suas belezas... Cabe a nós termos a sensibilidade de "a flor da pele" irmos nos curando de nossas dores, de nossos medos, de nossos pessimismos... Nos libertando destas inexplicáveis armadilhas que nos fazem zumbis. Nestes dias de ar fresco e sol quente, venho meditando sobre isso... Sobre o poder da vontade diante da ganância do mundo e das pessoas em quererem ter mais do que ser mais... E ser mais é tão lindo e mágico como um sopro divino.

Visitei casas modestas aqui. E conheci o paraíso da humanidade diante do outro ser.... Explico. Passei o natal na comunidade da rocinha. E entre comidas gostosas, afagos generosos, brincadeiras divertidas que nos levaram a muitas gargalhadas e fotos engraçadas, vivenciei algo que gostaria de compartilhar com todos:  Vivenciei o milagre do amor ao próximo em sua essência, sem egoísmo, sem luxos, sem determinar se esta ou aquela atenção deve ou não ser privilegiada... Compartilhar uma ceia de natal em família e entre amigos e reverenciar o mistério da natividade é um momento privilegiado para todos cristãos, mas para mim, neste natal o significado foi outro. Foi de voltar a ver a vida de maneira simples. De viver a benção dos dias na alegria de ver no outro a sua própria felicidade... Eu vi e senti isso na noite de natal e também ao conhecer outras pessoas nesta comunidade, interagir com elas, ouvindo suas histórias, suas pequenas e grandes conquistas e acima de tudo o amor incondicional a suas origens e ao seu mundo, que humilde e simples é o paraíso de toda a humanidade.

Ah! Se todos os povos abrissem suas casas como um morador da rocinha abre para seus visitantes... com o coração aberto, alegre e feliz pela visita... Como seria a humanidade se todos se sentissem verdadeiramente satisfeitos com suas vidas e com suas conquistas, se, por um único momento, pudessem acender suas luzes e dizer... Nasci para o mundo de forma simples e é de forma simples que quero morar.

O Rio de Janeiro continua lindo em janeiro, fevereiro e março... Continua, porque é grande demais para receber, mineiros como eu, nordestinos, gringos e estrelas de cinema... Continua lindo com suas praias famosas e recantos que só os moradores conhecem... Lindo pela sua característica única de ter e saber viver a vida com simplicidade... Entre as ondas do mar, o verde das serras, o tom escuro das montanhas abriga, abraça,cura e ama as pessoas com o amor incondicional do Cristo Redentor.

Bom verão a todos.

26/12/2012
Por Cau Oliveira, verão carioca 










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