quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Homem Francês... Au revoir mon cher

Caminhando a esmo pelas ruas de minha cidade, contemplo as flores de Ipês caídas ao chão formando um tapete colorido e já desgastado pelo passar das horas. É noite na capital mineira. Tento me recordar nos motivos que levaram a minha decisão de me esquivar de Franck e todos, absolutamente todos os caminhos me levaram ao medo. O medo é um verme mesmo, que vai corroendo nossos sonhos e esperanças, sejam elas quais forem.

Compreender isso tantos anos depois e passados tantos outros relacionamentos após esse affair, noto que estou mais espontânea e mais desarmada hoje do que antes, estou também muito mais vulnerável, é bem verdade... E tudo isso devo a ele, que me ensinou, aos poucos a ser exageradamente sem medidas e sem reservas quando se trata de amor e também me ensinou a ser fluida, lenta e suave quando tiver que ser...

Acho que me tornei mais Parisiense que poderia supor, e estranhamente gosto disso. Gosto dos hábitos que adquiri aprendendo com ele e sem perceber não abri mão... Gosto dos finais de tarde ao sol de inverno  na varanda  a ouvir boa música e degustar um vinho, ou simplesmente para ler um livro enquanto ouço o alvoroço dos pássaros em um parque ou praça; e das manhãs e anoiteceres sob um céu lindamente púrpura... Ah! Como gosto de descobrir e ouvir canções de músicos que quase ninguém ouve ou desconhece... Visitar galerias de arte e tomar um café enquanto rabisco algumas idéias.... Vivi tão profundamente Paris sem nem ter pisado lá que fecho os olhos e me vejo na Pont d'Iéna, cruzando o Rio Sena, na direção dos chafarizes e do Palácio de Chaillot...

Acho que um dia talvez eu vá a Paris. Claro que sem o apego da imagem de Franck ou recordações desta lembrança.... Na verdade nem há apego, só lembranças de um sentimento que me construiu e que de alguma forma pertencem a mulher que sou hoje. Mas quero sim, ver Paris de perto, ouvir e sentir os ares desta cidade, passear a noite sob a Torre Eiffel iluminada e claro, tomar um bom vinho!

A presença de Franck se tornou uma imagem apenas, uma recordação, um critério a mais nas escolhas amorosas que faço, afinal, mulher nenhuma deve contentar-se com menos que um coração repleto de sentimentos e um sorriso encantado! Não se pode escolher um amor ao meio e cheio de objeções, ou, conformista, engessado em conceitos formais demais... Não. O amor é aquilo que nos distrai, nos acaricia a alma e acho que deve ser assim, meio hippie, sem regras por vezes, sem torturar-se no ciume e no medo de se perder... Até mesmo porque, perder-se por amor é lindo demais!

Meu grande erro foi ter tido medo, enfim. E o medo destruiu a ponte que me levaria a algo que nunca mais irei conhecer e saber... Mas me revelou um novo horizonte e acendeu-me em esperanças... E com elas vieram todas as oportunidades futuras de viver novamente, e quem sabe, desta vez de fato, um grande amor.

Ao revoir!

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