terça-feira, 26 de junho de 2012

O que se esconde nas gavetas do Senado...

Li outro dia um artigo do jornalista português João Pereira Coutinho, em que fala sobre o casamento gay e as demais uniões conjugais.

Concordo com o jornalista quando ao se falar que para abrir exceção para uma união entre pessoas do mesmo sexo, há de ser também revista, em todas suas amplitudes, as demais uniões estáveis e isso inclui também a poligamia, que embora não se fale tanto aqui no Brasil, há situações legitimadas deste tipo de união, inclusive nos grotões das Gerais e nordeste brasileiro, sem falarmos nos casos em que, por dogmas religiosos, a poligamia se torna uma prática comum, habitual e por isso mesmo este assunto vai se tornando um assunto de gaveta, que de tempos em tempos é lembrado e levado a análise, mas sem atitudes concretas sobre o mesmo.

Pena que ainda se fale sobre este assunto com tantos obstáculos, com tantos mecanismos políticos que parecem ignorar o dia a dia de cada cidadão consciente de suas obrigações sociais, eleitorais e políticas.

De certa forma é como se cerceassem seus direitos de legitimidade, de intimidade, de privacidade de vida... Como se não fosse permitido, e mais, digno ser o que se é!

Longe de questões religiosas que permitem o casamento com mais de um cônjuge, há de se lembrar que nos sertões brasileiros há, e ao contrário do que se pensa, de forma aberta, ampla e até mesmo costumeira, famílias formadas onde a poligamia é feita inclusive com aceitação da primeira esposa, ou com ambas morando no mesmo casebre, sítio ou sabe Deus onde.

E isso não é reflexo do esquecimento público?

São todos gente como a gente. Gays, lésbicas, muçulmanos, brancos, negros... todos são como eu ou como você, mas o que nos difere? Em que somos classificados por ter esta ou aquela opinião? Deliberam a ética e ignoram, com uma calma parnasiana, as necessidades que unem os destinos de tantas pessoas.

Reivindicar os direitos com um carnaval de cores e esquisitices só mostra, na minha opinião, que tudo não passa de um marketing muito bem estruturado no antigo direito de se dar ao povo "pão e circo".

Enquanto homens e mulheres levantam suas bandeiras coloridas e não discutem com formalidade e direito sobre suas reais possibilidades de novos processos e leis sobre um tema tão distinto e que se confunde com tantos outros (ex: a poligamia) levantando a bandeira do esforço e trabalho conjunto com a educação primária, ordens públicas e sobretudo vontade política... tudo será um mero desfile caricato da realidade que atravessa a décadas de descaso, solidão e muitas vezes de perjúrio.

Não sejam ingratos consigo mesmos. Se barulho resolvesse o problema, já teria sido aprovado a muito tempo a lei que regulamenta o casamento entre iguais. Exibicionismo e corpos nus em passeatas não demonstram a dignidade que a maioria dos gays vivem... muito pelo contrário, reflete de forma triste e lacônica, como um baile de máscaras decadente e sem pudor, onde o sexo, as drogas e o falso riso transmitem o recado do que se esconde em gavetas do senado.


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