terça-feira, 22 de maio de 2012

Atravessando o tempo da pureza...

Estava aqui pensando na vida... Na dificuldade que é leva-la adiante, de uma forma tranquila, serena e saudável.

Falo isso com a boca cheia:

- EU NÃO CONSIGO VIVER UMA VIDA TRANQUILA, SERENA E SAUDÁVEL... NORMAL NEM ADIANTA TENTAR, OK?

Porque o que é simples é muito difícil de manter. A gente não se acostuma com a simplicidade das coisas, isso porque estamos enrolados até o pescoço com as tecnologias modernas, com as necessidades do dia a dia que nos fazem exímios insatisfeitos.

Daí, nos perdemos do que é simples e natural. Apostamos por um tempo que podemos manter uma sanidade mental, até como qualidade de vida, mas no final de uma semana, ou um mês, a simplicidade já foi para a China.

Por longos anos de minha vida eu vivi um sentimento de pureza de alma. Era perfeito enquanto era só meu. Fui dividir isso e o que era simples, fácil, sereno e seguro virou uma tsunami de emoções e sensações que hoje vivem inertes em meu coração e pensamento... como fantasmas que vagam nas noites frias em busca de algum prazer na solidão caleidoscópica.

Encontrei alguém tremendamente simples. Tão simples que me desconserta. Tão simples que irrita meus fantasmas solitários e mal resolvidos... Sei que estão sendo exorcizados um a um, e o exorcismo não dói, mas incomoda tremendamente. É como se todos eles fossem cúmplices da poeira fria do tempo, que baila sob a triste fresta da luz.

Estou aqui pensando nisto tudo e na pureza  que antes habitava em mim. Naqueles  pensamentos... Naquelas palavras... E naquelas emoções que na pureza da alma pareciam ter luz própria... O que será que acontece com ela quando a dor sabota esta pureza e as transforma em uma visão realista, cronológica e fria?

Vou me tornando uma rude campesina, que na charrua do tempo ara o solo da tempera com a firmeza de quem ara sem semear; corta, rasga a terra sem sequer olhar para frente ou para o lado.... Nada mais interessa, roboticamente, seque cumprindo a promessa de seguir em frente. Já não há mais pureza para plantar.

Créditos da Imagem: Última florada de canela-de-ema na Serra da Moeda. Foto: Miguel Vorcaro

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